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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Dois

Já a algum tempo eu tinha percebido aquela movimentação. Normalmente às segundas ou terças, quando já não tinha mais movimento pela área social. Morando no primeiro andar, sempre acompanhei o vai e vem dos adolescentes pela área de lazer do prédio. A correria, os gritos e os chutes eram impossíveis de ignorar, mas iam minguando enquanto a hora ia avançando. O regimento do condomínio não permita acesso às quadras após as 22 horas. Ainda ficavam alguns grupinhos conversando até que tudo se silenciasse.  E então eles apareciam. Já não eram mais os adolescentes.
 Agora a hora era "reservada" aos rapazes mais velhos. Vez ou outra uma garota se demorava. Conversas sigilosas, risinhos. Mas sempre eram aqueles dois rapazes que permaneciam até um pouco mais.
Algumas vezes cruzei com eles no hall do elevador e era impossível não reparar. Jovens, um ainda quase impúbere, magro, com seus dezoito ou dezenove anos. As espinhas ainda resistiam. Mas o corpo formado. Cara de bobo, pura dissimulação. Já flagrei ele me espiando pelo reflexo do espelho. O outro parecia mais velho, não muito. Mais forte, corpo mais definido. Pelos. Esse sempre me chamou mais atenção, apesar de ser mais "discreto". Pernas grossas, peludas. Bunda empinada. Fosse jeans, fosse sintético, o que quer que ele vestisse, aquela bunda era enorme, sempre parecia apertada em suas roupas. Imaginava se aquela pelagem toda se estendia até ela.
O roteiro era sempre o mesmo. Desciam, iam para a quadra, rodeavam, se certificavam que todo mundo já tinha subido para seus apartamentos, se o porteiro já estava escondido na guarita acompanhando a novela. Sentavam numa mureta do outro lado da quadra. Acendiam um cigarro. Daquela distância não era difícil perceber ser apenas uma desculpa. O tempo do trago era o tempo do silêncio. Quando acreditavam não ter mais ninguém olhando, percebendo, flagrando, sumiam. Eu procurava, me esgueirava pela sacada, ia até a janela da cozinha, mas até aquele dia nunca tinha descoberto onde se escondiam. A certeza que eu tinha era de que ainda não tinham voltado pra casa. O lance não demorava mais que dez ou quinze minutos, e quando terminavam eu sempre ouvia o elevador passando.
Naquele dia as coisas não saíram como o planejado. Alguma coisa chamou atenção do porteiro, ou algum serviço, não sei. Ele acabou se enrolando do lado de fora da portaria, fazendo com que os dois se demorassem também em seu esquema. Acenderam outro cigarro. O cheiro alcançou a janela. Saí pra sacada e estiquei os olhos automaticamente pra mureta. Não estavam lá. Procurei ao redor, mas logo ouvi um sussurro, algo com "aqui é tranquilo também". Era embaixo da minha sacada.
Me me escondi o melhor que pude, me certifiquei de não fazer nenhuma sombra. E me acomodei. Estava de camarote. Logo abaixo, desconfiados e urgentes, os dois.
O magrelo se recostou na parede que dividia a portaria e a área de lazer. O barulho do ar-condicionado do porteiro talvez abafasse o som pra ele, mas eu escutava com clareza, mesmo que sussurros: "Vai", dizia a voz rouca do peludo. O magro então deslizou, ficando agachado, deixando o outro se aproximar. Ali matei a minha curiosidade. De costas para mim, o peludo teve o short de nylon puxado pra baixo, revelando aquela bunda grande, redonda, branca e peluda. Toda peluda. Dura, firme. As mãos do outro a agarravam, seus dedos marcando a pele, puxando os pelos, enquanto o dono dela iniciava o movimento de vai e vem, acelerando gradualmente, até que o barulho chegasse à minha janela. Molhado, batidas, arfadas... Tosse... o outro engasgou enquanto o rabudo forçou sua virilha contra sua cara. Como se sentisse algo, enquanto aguardava voltar o fôlego, o peludo olhou pra trás, se certificando que ninguém se aproximava. Se agachou, deixando que eu visse o rosto do outro, vermelho, olhos lacrimejando. Este tentou beijar a boca dele, que afastou o gesto com as mãos, enquanto enfiava os dedos em sua boca. Num movimento rápido enfiou a mão "lubrificada" pelas pernas do short do outro, rústico, forte, arrancando um "devagar" abafado. A meia luz não permitia que eu enxergasse com clareza. Projetei um pouco mais meu corpo pela beirada da sacada. Agachados os dois, shorts abaixados, principalmente o do "peludo", exibindo aquele rabão gigante, que a cada movimento que seu dono fazia para alcançar o cu do outro, se mexia, balançava, se abria, revelando uma fonte de pelos escuros, contrastando com a pele branca, cacheado, suados, protegendo e ao mesmo tempo revelando.
Não demorou para que eu mesmo estivesse com os meus shorts ao chão. Distraído que estava admirando aquela bunda, quando a mão do magrelo a alcançou e começou a puxar, abrindo, mostrando tudo aquilo que eu desejava ver... cu, pelos, bolas... não percebi o olhar dissimulado, agora me encarando, esguio, safado. Enquanto o outro usava as mãos e dedos para penetrar, ele usava os olhos e suas mãos para me provocar. Lascivo. Me exibindo sua safadeza e o corpo do outro.
Perdi a noção tempo. Segundos, minutos. Não sei. Só voltei a mim e percebi que estava quase me debruçando, agarrando meu pau, agora melado, enquanto o peludo começava a se contorcer e abafar seus gemidos. O magro ainda me olhava.
Me abaixei e me escondi atrás do parapeito. Ainda ouvi alguns sussurros apressados, grama sendo pisada, passos. Me levantei, correndo abri a porta da sala e tentei alcançar o botão do elevador, mas já havia sido chamado para o térreo.
Queria cruzar com eles, sentir o cheiro. Precisava gozar.
Se bem que depois de hoje, acredito que oportunidade não vai faltar. Nem local mais sossegados para aqueles dois se divertirem...

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